Podemos citar várias diferenças entre os esportes individuais e coletivos. Por existir diferenças não significa que um seja melhor que o outro e sim prós e contras em cada tipo.
É imensa a quantidade de elementos que caracteriza cada esporte coletivo: movimentos técnicos (ofensivo e defensivo), deslocamentos com e sem bola, influência dos árbitros, da torcida, da família, dos companheiros, aspectos táticos, físicos, na verdade, são infinitas. Cada profissional do esporte que analise uma modalidade específica encontrará os elementos que lhe pareçam mais importantes.
Quando observamos um campeão olímpico, pensamos em como é possível pessoas como estas existir. Michael Phelps, Michael Jordan, Ayrton Senna, Pelé… Muitas vezes nos questionamos como se forma esse super atleta. Os atletas citados acima são exemplos do que se pode chamar de talento, além, é claro, de muita dedicação. Mas sabemos que um time é formado por um grupo de atletas e nem todos têm esse talento, por isso temos que trabalhar para que cada um desempenhe uma função dentro da equipe.
Para chegar ao máximo rendimento no esporte é preciso percorrer um longo caminho, muito sacrificante e poucas pessoas alcançam esse objetivo. A seguir, vou enumerar fatores que eu acredito serem indispensáveis para formar atletas de alto rendimento, porém até hoje não foi possível provar a sua efetividade.
Elementos técnicos, táticos, físicos, psicológicos e sócio-afetivo, são fatores inter-relacionados na formação desses atletas, e com mais importância ainda nos esportes coletivos.
O fator psicológico, na minha opinião, é o mais importante não só na fase de formação, mas também na fase de consolidação e declínio do jogador. Na fase final do jogador são poucos os profissionais que se preocupam.
Os fatores sociais, eu considero a parte financeira, necessidade de trabalhar, estudar, o relacionamento com a família e amigos, aspectos que durante a formação influenciam positiva e negativamente os jogadores.
No futebol, por exemplo, jogadores de 15 anos que são considerados promessas têm salários exorbitantes, mas essa não é a realidade dos outros esportistas (basquete, voleibol, pólo aquático, handebol, etc.). Esses atletas necessitam trabalhar, estudar e levar uma vida “normal”, porque sabem que a trajetória como atleta é um sonho. Mesmo sabendo da realidade, o brasileiro não desiste nunca e mais agora com a grande oportunidade das Olimpíadas de 2016.
Essa será uma grande oportunidade para que nós, profissionais do esporte, possamos fazer do nosso sonho, realidade e viver intensamente o esporte. Para isso, temos que nos preparar, planejar e organizar.
Isso é exatamente o que temos que fazer na formação do jovem atleta. Programar, planejar, organizar e atuar.
1º Passo: fazer um estudo/análise da modalidade esportiva.
- História da modalidade
- Evolução
- Possíveis variações
- Características físicas predominantes
- Esquemas táticos
- Possíveis situações
- Elementos técnicos necessários
- Fatores que podem influenciar o desenvolvimento do trabalho (psicológico e social)
2º passo: analisar os objetivos e filosofia da instituição/clube/federação e encaixar com os seus objetivos.
Nesse ponto, nem sempre os objetivos são compatíveis, porém o nosso dever é adaptar ou convencer para um melhor trabalho em conjunto. Pensar que nós, treinadores, dependemos dos clubes/instituição/ federação para desenvolver o projeto, portanto, dever buscar uma solução para isso.
3º Passo: determinar um modelo ideal. O time/jogador ideal para cumprir os objetivos.
- Características: táticas, técnicas, físicas e psicológicas.
4º Passo: Como dividir todos os aspectos e conteúdos no período de formação?
De acordo com estudos e como pode ser visualizado no gráfico, o exercício aplicado na formação deveria ser elaborado de acordo com a fase de crescimento e desenvolvimento do atleta.
De 0 a 10 anos, a criança está numa fase de absorção de conhecimento, movimentos e informações. Nessa fase, deve ser trabalhado com mais intensidade os movimentos técnicos. Após os 10 anos, esse crescimento neural já estabiliza e o entendimento das informações já ficam mais difíceis.
Acompanhando a linha verde, crescimento esquelético, a criança cresce muito dos 0 aos 2 anos. Após isso, vai existir outro crescimento aos 10 anos.
Nessa fase é muito importante aproveitar o tempo com movimentos, entendimento do jogo e trabalho psicológico.
Todo o trabalho físico direto, trabalhar a partir dos 14 anos, em que a criança desenvolve sua musculatura.
Por que trabalho físico direto? Porque o principal objetivo é a condição física. Antes dos 14 anos, o trabalho de condição física eu considero como aprendizagem.
Este gráfico está de acordo com a idade corporal, que é diferente da idade cronológica, por isso é muito importante descobrir para dar inicio ao trabalho.
5º Passo: Escolher a melhor maneira de aplicar a metodologia. Qual é a melhor maneira? Estudar o grupo com que está trabalhando, a sociedade, o clube, a filosofia, os recursos, etc.
Acredito que a formação de atletas para o alto rendimento é uma função muito importante e pouco reconhecida. Muitos clubes, de muitos esportes e profissionais que trabalham no meio, esperam que surjam craques como Ronaldinho, Robinho, Michael Jordan, Oscar Schimidt e outros. Mas poucos sabem que um time não é formado só de jogadores estrelas.
*Coordenador e técnico profissional de pólo aquático (Espanha); Master em “Treinamento de alto rendimento em esportes coletivos” – Universidad de Barcelona
http://universidadedofutebol.com.br/formacao-do-atleta-de-alto-rendimento-nos-esportes-coletivos/
Um comentário:
Antes de mais nada queria lhe parabenizar por esse belo artigo, conteúdo extremamente relevante e de grande valor, muito obrigada por compartilhar conosco
Muito bom artigo e de fácil leitura, parabéns pelo post ,e pelo belo trabalho que vem desenvolvendo. Abraços.
Fonte : Notícias Saúde
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